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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Ou a greve ou o conformismo

Ouvi uma pessoa dizer, com relação à greve, que os professores não deveriam entrar em greve, pois “quando escolheram essa profissão já sabiam que iriam ser desvalorizados”. Temos revelado nessa declaração uma mentalidade, não sei se compartilhada por muitas ou poucas pessoas, mas que está presente em nossa sociedade. A mentalidade de que já que o professor antes de exercer a atividade docente sabia que sua profissão era desvalorizada, então não deveria reclamar por melhores condições de trabalho, assim, a greve é ilegítima.

Se essas pessoas, contudo, tivessem o mínimo de cuidado e analisassem a história perceberiam que muitos dos direitos e liberdades que temos hoje em dia não caíram do céu ou surgiram num passe de mágica, mas foram com muitas lutas, de caráter político e social. Sem luta, as mulheres não teriam o direito ao voto; sem luta os negros não teriam os mesmos direitos dos brancos; sem luta os trabalhadores das fábricas estariam trabalhando 18 horas por dia, não tendo direito as férias, a um descanso semanal e a um salário mínimo; sem luta o Brasil estaria ainda numa ditadura.

O direito ao voto, ao salário mínimo, as férias etc, foram frutos de muitas lutas, e por isso temos esses benefícios; não foram os políticos e governantes que com muita boa vontade buscaram beneficiar os desfavorecidos. Se os que lutaram no passado por essas conquistas pensassem como a pessoa que fez aquela declaração, não teríamos muito do que possuímos hoje. Dizer que os professores não devem fazer greve, mas se conformar com o quadro atual, devido essa situação está colocada a muito tempo, é, com todo respeito, um pensamento medíocre.

“Não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer e muita greve
Você pode e você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão, virar a cara pra não ver

Trecho da música “Até quando” de Gabriel O Pensador

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